terça-feira, 21 de julho de 2015

Carta Missionária de Moçambique


Jesus disse: “A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para sua seara”. Mateus 9.37-38

Esta palavra é tão real aqui na África! Em minha última viagem missionária estive no sul do Congo. Saí de Moçambique com mais dois pastores brasileiros, atravessamos o Malawi e a Zâmbia para chegarmos lá, num país que necessita muito do evangelho genuíno. Tivemos muitas dificuldades, mas o Senhor nos deu vitória onde parecia e era impossível Deus tornou possível.

Como residente há mais de dez anos em Moçambique, podemos entrar nos países da África Austral sem necessidade de visto, podendo tirar o visto na fronteira. Foi assim no Malawi e Zâmbia, mas no Congo foi nos dito pelo diretor de imigração: “Impossible! Voltem ao Brasil e vão a Brasília pedir o visto.” Foi um golpe em nós, e estávamos cercados de pessoas que queriam ganhar alguma coisa nossa. Sempre que pedíamos pra falar a resposta era a mesma: “impossível”. 

Depois de termos atravessado a fronteira da Zâmbia ficamos naquela terra de ninguém. Sem poder passar, tivemos que retornar a Zâmbia, mas o carro ficou retido. Fomos procurar um táxi que nos levou a uma cidade a 190km da fronteira onde passamos a noite. Na manhã seguinte, fomos a Embaixada do Congo, o embaixador a princípio nos disse “impossible”, mas nos ouviu e nos concedeu os vistos. Ao voltarmos à fronteira já era final do segundo dia e exigiram ‘outros vistos’, o que nos dificultou a passagem, que só foi possível no terceiro dia.

Nesse intervalo um congolês que queria receber algum dinheiro nosso, começou a nos ameaçar com palavras agressivas e ofensivas. Meu amigo, pastor Cesinha, aproximou-se dele e o tocou e falou do amor de Jesus, do nosso trabalho e que Deus queria salvá-lo, e que se ele pedisse Jesus tocaria nele naquela noite.

Dormimos na fronteira, e contávamos com a proteção do Senhor por causa dos perigos. No dia seguinte aquele congolês voltou e veio até nós muito diferente, tinha tomado banho, trocado de roupa, e veio sorrindo nos cumprimentar. O Cesinha orou por ele enquanto confessava a Jesus como Salvador, dentro do departamento de imigração e nós orávamos também. Quando terminou a oração um agente de imigração chamou o pastor Cesinha e, quando pensamos que teríamos problemas, ele pediu oração. Daqui a pouco tinham mais de dez agentes de olhos fechados e cabeça curvada recebendo orações. Oramos pelo diretor e por vários agentes (foto); eles nos pediam ‘propina’ e nós orávamos. Conseguimos passar a fronteira. O que era impossível, Deus tornou possível. 

O pastor Junior me falou várias vezes frase do tipo: “Nunca pensei estar na Zâmbia”; “Nunca pensei passar por esta situação”, e eu respondi a ele com esta frase: “O meu Deus é o Deus do nunca! Ele realiza o que nunca seríamos capazes”.

Entramos finalmente no Congo, paramos para o café e a senhora do restaurante pediu que orássemos por ela e pelo marido que bebia muito. Oramos pelo casal e quando retornamos ouvimos que ele estava sem beber desde que oramos por eles.

Não tínhamos percorrido nem um quilômetro, e tivemos a primeira barreira de polícia. Os agentes de controle de imigração disseram que nossos vistos eram ilegais, mas depois que falamos que éramos pastores, nos liberaram mas exigiram que orássemos por eles. Ficamos amigos, eles ficaram com nossos números e pediram que abríssemos uma igreja ali.

Seguimos até a cidade de Lubumbashi e encontramos o Evangelista Paciência e o irmão Patrik. Depois seguimos para a cidade de Kolwezi onde encontramos outros irmãos, com quem passamos quatro dias. Foi um tempo muito bom. Encontramos o irmão Patachaco (foto), que esteve perdido de sua família por mais de quinze anos por causa da guerra. Lá num campo de refugiados na Tanzânia ele encontrou seu irmão e, enquanto estava lá, ele ouviu a pregação do nosso irmão Yussufo e, ao voltar para Kolwezi, juntou um grupo de irmãos e cultuamos vários dias com eles. Foi um tempo de refrigério. Eles não tem templo e se congregam nas casas.

Durante a nossa viagem, a Luciane e as esposas dos pastores que estavam comigo, estavam numa reunião com outras irmãs brasileiras (a maioria missionárias) e, num momento de oração em nosso favor, uma delas teve uma visão na qual havia um carro e um anjo forte empunhando uma longa espada flamejante que ia à frente iluminando e rompendo o caminho. Ao longo das estradas fomos parados muitas vezes por militares armados com metralhadoras que exigiam muita coisa, e sempre terminávamos orando por eles, assim como todas as polícias que nos pararam. Oramos por eles, e abraçamos alguns que ficavam com lágrimas nos olhos, talvez por nunca ter recebido um abraço amigo. O Congo vem de guerra civil, e ainda há muitos focos de rebeldia. Louvamos ao Senhor que nos conduziu até ali, e oramos ao Dono da Seara que envie ceifeiros...

Lá eu lembrei de uma oração “...Ó Senhor se pudemos ser como essas ondas de rádio e atingir esta nação...” E a minha oração é: “Ó Senhor dá-nos ousadia e intrepidez para realizarmos a tua obra. Não te peço coragem, pois coragem seria necessário para não obedecer o teu chamado e tua ordem. Eu prefiro ter o temor e tremor e continuar fazendo a tua vontade.”

Aquelas pessoas nos olhavam com um olhar diferente, um olhar de esperança, como se tivessem a certeza que o Senhor se lembrou delas e nos enviou até lá.

Obrigado SENHOR pela vida do pastor Cesinha e pastor Junior que me acompanharam, e pela igreja que nos apoiou. Obrigado pelas nossas famílias e irmãos que estiveram conosco em oração. Queremos continuar Senhor a levar Tua Palavra de Salvação.

Obrigado a você, que nos tem apoiado neste ministério. Deus te abençoe!

Um forte abraço,
Em Cristo sempre,

Márcio, Luciane e família. — em Moçambique.

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