quarta-feira, 1 de julho de 2015

A Igreja é a manjedoura de missionários – seu berço. (Parte 1)

Princípios gerais para o envio missionário por parte da Igreja local:

Nunca enviar para longe, os que não são bênção perto.

Este é o princípio da bênção de perto. Exemplo: um seminarista em um seminário, não queria trabalhar em uma favela (enquanto estudava) porque se dizia chamado para China. Alguém que não está disposto a se dar em seu lugar de habitação, não estará disposto a se entregar longe de sua terra. 

Este princípio nos leva ao entendimento de que a missão se faz em grupo, sendo que a Igreja sente como parte de si própria o missionário que envia. Ao mesmo tempo podemos assim fazer bem entendido que a missão da Igreja que se faz através do deslocamento de um dos seus elementos, não invalida o alcance do grupo. Promovendo assim, celebridades e egos exaltados, mostrando assim que aquele (a) que vai ao alcance do perdido em terras remotas, é por si só um gênio ou dominador, se podemos assim dizer das “artes missiológicas”.  

Entendemos que o correto envio missionário, pode ser mais comparado com a articulação de um membro do corpo, do que da dissociação deste. Pois, no decorrer do tempo, o que como Corpo de Cristo podemos aprender, é que o fato de nos entendermos como corpo, nos possibilita também a correta movimentação desse corpo. 

Retirando todo julgamento, críticas e maledicências com relação à expectativa missionária, o missionário é aquele que se vale dos dons e capacidades de Deus para enriquecer o grupo a que pertence, e se vale da riqueza do grupo como também dessas capacidades extraordinárias mandadas por Deus, para participar do alcance daqueles que ainda não conhecem o evangelho. 

Não queremos dizer com isso que pessoas que foram ao campo missionário, sozinhas e com pouco apoio não sejam enviadas por Deus.

1.    Submissão do missionário em relação à liderança da Igreja é importante, assim como o seu espírito de iniciativa: Uma pessoa que tem problemas em OBEDECER à liderança da Igreja terá problemas sérios no campo onde a maioria do trabalho missionário é feito em Equipe – 12 jovens no Chade. 6 tinham visto de entrada e 6 apesar de orientados a este respeito entraram clandestinamente. Os 12 foram presos, não puderam ser libertados nem pela ONU por causa dos vistos e foram fuzilados. 

2.    O missionário deve em primeiro lugar ser “descoberto” pela Igreja, antes de o ser descoberto pela Agência missionária: Quando o missionário recebe o seu chamado missionário ele deve ser DESCOBERTO pela Igreja, ou seja, a Igreja deve vê-lo como tal e o começo do investimento em Missões deve ser feito nele em primeiro lugar pela sua IGREJA LOCAL e não por uma agência missionária, para que ele não tenha a sua visão BITOLADA a respeito de Missões – “você está fora do centro da vontade do Senhor” – missionário de uma “agência” para alguém que decidira trabalhar com outra agência missionária...

3.    O Incentivo ao preparo: O preparo missionário deve ser visto com muita preocupação e cautela. Assim como um médico não pode exercer as suas funções sem antes estar preparado através de aulas, testes de conhecimento e anos de residência e especializações, assim também o missionário deve ser ministrado e experimentado, para exercer a função para o qual foi proposto. Sabendo que é representante da Igreja do Deus vivo e tem plenos poderes, sendo representante pessoal de quem o enviou.  

A Igreja deve incentivar o missionário a preparar-se adequadamente para o seu trabalho – o pouco preparo é uma das grandes causas de fracasso no campo. 

Exemplo: Espanha - A. F. enviado a trabalhar com islâmicos – converteu-se depois de um desafio. Tinha apenas um ano de estudo num instituto bíblico e era recém convertido. 

4.    A Igreja deve cobrar do missionário que tenha planos bem desenvolvidos a respeito do que irá fazer (não projetos de longo prazo, um projeto de vida): Expectativa do que a Igreja espera do missionário se dá justamente naquilo que ele passa para a Igreja sobre o seu ministério – isto deve ficar muito claro e é lógico estar aberto para mudanças no meio do percurso.  

“Missionária no norte da África que faz o trabalho urbano e que manda fotos para sua Igreja como plantadora de Igrejas entre não alcançados tribais”.

5.    Sustento não envolve somente dinheiro para despesas pessoais – há projetos que a Igreja deve se envolver: O trabalho entre os Konkombas (Ronaldo e Rossana Lidório, em Ghana, Africa) envolveu além do sustento pessoal dos missionários: uma clínica (hoje atende quase 10 mil pessoas por ano); escola formal (em inglês com professores nativos – 114 crianças); escola na língua majoritária – 180 pessoas já aprenderam a ler em suas próprias línguas; tradução da Palavra para a língua majoritária do povo – impressão é coisa cara; construções – casa; locomoção; taxas de visto, poços artesianos, remédios etc. 

6.    Trabalho missionário não envolve somente o ministério de plantio de Igrejas diretamente – aviões, mecânicos, construções, medicina, etc: Há uma grande parte que é o ministério de apoio estrutural – na área de construção, tradução, digitação, manutenção de contato com as Igrejas que fazem parte do projeto, controle financeiro, divulgação etc.

7.    A Igreja deve envolver-se no treinamento do missionário – a começar pelo seu CARÁTER CRISTÃO, que envolve uma análise detalhada por parte da liderança da Igreja na perseverança do missionário, em sua capacidade de sofrer, sua convivência em equipe, etc: Analisar detalhadamente a vida do missionário, acompanhando-o de perto, num acompanhamento pessoal, espiritual, testando seus dons e capacidades, e também, num dos itens mais negligenciados por parte da Igreja, num acompanhamento emocional/psicológico.  

Missionária inglesa preparada, uma das melhores escolas de línguas do país, conhecimentos profundos a respeito do povo, mas instável emocionalmente – tentou o suicídio por duas vezes na aldeia e teve que ser retirada do campo e proibida de voltar. 

Problemas pequenos podem ser resolvidos, mas que quando se avolumam com a pressão que ocorre fora de si, do campo, suas necessidades, expectativas da Igreja enviadora, etc. fazem com que tudo possa explodir e tornar grande uma pequena deficiência. 

8.    A Igreja deve preocupar-se com o sustento de maneira a analisar cada campo de maneira diferente – cada realidade deve ser analisada separadamente: No Equador alguém viveria razoavelmente – de acordo com informações colhidas através de uma missionária equatoriana com 400 dólares – em Ghana 400 dólares é o que se gasta todas as vezes que o missionário no norte vai ao supermercado – só de combustível! 

Igreja local que cortou o sustento de um missionário porque descobriu que em suas compras (feitas de 4 em 4 meses) ele incluía uma caixa de coca-cola em lata. 

9.    Considerar o missionário “missionário” quando está no campo e quando está de volta – há Igrejas que deixam de mandar o sustento quando o missionário volta para o Brasil: Há missionários que vem para o Brasil de volta de suas Igrejas e passam por dificuldades tremendas na área financeira – isto faz com que cada vez mais tenham pouca vontade de voltar para suas Igrejas. Agências muitas vezes têm criado casas ou aptos para missionários em “férias”. 

10.  Quem deve pastorear os missionários? 
Às 6 horas da tarde, depois de levantar às 4 da manhã, ter passado por um período de trabalho intenso, calor insuportável, eu ouvia na aldeia os tambores e sei que é feitiçaria que irá começar, com sacrifícios (algumas vezes, até 300 animais numa única noite para os espíritos) e que até mesmo crianças podem ser sacrificadas, sem ter contato com minha língua, numa terra estranha, com costumes estranhos, lembro-me de um período de louvor na Igreja, sinto saudade. 

Missionários são pessoas que precisam de pastores. Isto é função da Igreja, mesmo à distância. 

Mandar cartas, fitas gravadas com o louvor da Igreja, mensagens do pastor, conversas de irmãos, e tantas outras coisas que faz falta. Alguns contatos são complicados, às vezes e-mails podem ser censurados, muitas vezes em alguns países não se tem acesso a redes sociais. 

A Igreja cobra muito para receber RELATÓRIOS, mas dificilmente vê-se uma Igreja que mantém seu missionário informado do que está acontecendo no meio da sua comunidade. 

11.  A Igreja deve preocupar-se com o descanso na volta do seu missionário – sua saúde, sua reciclagem teológica, missiológica, emocional e espiritual: Participei de uma conferência na Igreja Batista de Santo André – conferência de 10 dias – Curso de reciclagem missionária, tanto na área de Missiologia, como Antropologia cultural e Fenomenologia religiosa, além de cuidados pessoais com Jaime e Gloria Young – da SEPAL. A igreja cuidando dos seus vocacionados. 


Providenciar um período de descanso, isolado dos trabalhos da Igreja em local onde verdadeiramente o missionário e sua família possam descansar.
Prof. Gedeon J Lidório Jr
Profa. Auriciene Araújo Lidório

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