Princípios gerais para o envio
missionário por parte da Igreja local:
Nunca enviar para longe, os que não são bênção perto.
Este é o princípio da bênção de perto. Exemplo: um seminarista
em um seminário, não queria trabalhar em uma favela (enquanto estudava) porque
se dizia chamado para China. Alguém que não está disposto a se dar em seu lugar
de habitação, não estará disposto a se entregar longe de sua terra.
Este princípio nos leva ao
entendimento de que a missão se faz em grupo, sendo que a Igreja sente como
parte de si própria o missionário que envia. Ao mesmo tempo podemos assim fazer
bem entendido que a missão da Igreja que se faz através do deslocamento de um
dos seus elementos, não invalida o alcance do grupo. Promovendo assim,
celebridades e egos exaltados, mostrando assim que aquele (a) que vai ao
alcance do perdido em terras remotas, é por si só um gênio ou dominador, se
podemos assim dizer das “artes missiológicas”.
Entendemos que o correto envio
missionário, pode ser mais comparado com a articulação de um membro do corpo,
do que da dissociação deste. Pois, no decorrer do tempo, o que como Corpo de
Cristo podemos aprender, é que o fato de nos entendermos como corpo, nos
possibilita também a correta movimentação desse corpo.
Retirando todo julgamento,
críticas e maledicências com relação à expectativa missionária, o missionário é
aquele que se vale dos dons e capacidades de Deus para enriquecer o grupo a que
pertence, e se vale da riqueza do grupo como também dessas capacidades
extraordinárias mandadas por Deus, para participar do alcance daqueles que
ainda não conhecem o evangelho.
Não queremos dizer com isso que
pessoas que foram ao campo missionário, sozinhas e com pouco apoio não sejam
enviadas por Deus.
1. Submissão do missionário em relação à
liderança da Igreja é importante, assim como o seu espírito de iniciativa: Uma
pessoa que tem problemas em OBEDECER à liderança da Igreja terá problemas
sérios no campo onde a maioria do trabalho missionário é feito em Equipe – 12
jovens no Chade. 6 tinham visto de entrada e 6 apesar de orientados a este
respeito entraram clandestinamente. Os 12 foram presos, não puderam ser
libertados nem pela ONU por causa dos vistos e foram fuzilados.
2. O missionário deve em primeiro lugar ser
“descoberto” pela Igreja, antes de o ser descoberto pela Agência missionária: Quando
o missionário recebe o seu chamado missionário ele deve ser DESCOBERTO pela
Igreja, ou seja, a Igreja deve vê-lo como tal e o começo do investimento em
Missões deve ser feito nele em primeiro lugar pela sua IGREJA LOCAL e não por
uma agência missionária, para que ele não tenha a sua visão BITOLADA a respeito
de Missões – “você está fora do centro da vontade do Senhor” – missionário de
uma “agência” para alguém que decidira trabalhar com outra agência
missionária...
3. O Incentivo ao preparo: O preparo
missionário deve ser visto com muita preocupação e cautela. Assim como um
médico não pode exercer as suas funções sem antes estar preparado através de
aulas, testes de conhecimento e anos de residência e especializações, assim
também o missionário deve ser ministrado e experimentado, para exercer a função
para o qual foi proposto. Sabendo que é representante da Igreja do Deus vivo e
tem plenos poderes, sendo representante pessoal de quem o enviou.
A Igreja deve incentivar o
missionário a preparar-se adequadamente para o seu trabalho – o pouco preparo é
uma das grandes causas de fracasso no campo.
Exemplo: Espanha - A. F. enviado
a trabalhar com islâmicos – converteu-se depois de um desafio. Tinha apenas um
ano de estudo num instituto bíblico e era recém convertido.
4. A Igreja deve cobrar do missionário que
tenha planos bem desenvolvidos a respeito do que irá fazer (não projetos de longo
prazo, um projeto de vida): Expectativa do que a Igreja espera do
missionário se dá justamente naquilo que ele passa para a Igreja sobre o seu
ministério – isto deve ficar muito claro e é lógico estar aberto para mudanças
no meio do percurso.
“Missionária no norte da África
que faz o trabalho urbano e que manda fotos para sua Igreja como plantadora de
Igrejas entre não alcançados tribais”.
5. Sustento não envolve somente dinheiro para
despesas pessoais – há projetos que a Igreja deve se envolver: O trabalho
entre os Konkombas (Ronaldo e Rossana Lidório, em Ghana, Africa) envolveu além
do sustento pessoal dos missionários: uma clínica (hoje atende quase 10 mil
pessoas por ano); escola formal (em inglês com professores nativos – 114
crianças); escola na língua majoritária – 180 pessoas já aprenderam a ler em
suas próprias línguas; tradução da Palavra para a língua majoritária do povo –
impressão é coisa cara; construções – casa; locomoção; taxas de visto, poços
artesianos, remédios etc.
6. Trabalho missionário não envolve somente o
ministério de plantio de Igrejas diretamente – aviões, mecânicos, construções,
medicina, etc: Há uma grande parte que é o ministério de apoio estrutural –
na área de construção, tradução, digitação, manutenção de contato com as
Igrejas que fazem parte do projeto, controle financeiro, divulgação etc.
7. A Igreja deve envolver-se no treinamento do
missionário – a começar pelo seu CARÁTER CRISTÃO, que envolve uma análise
detalhada por parte da liderança da Igreja na perseverança do missionário, em
sua capacidade de sofrer, sua convivência em equipe, etc: Analisar
detalhadamente a vida do missionário, acompanhando-o de perto, num
acompanhamento pessoal, espiritual, testando seus dons e capacidades, e também,
num dos itens mais negligenciados por parte da Igreja, num acompanhamento
emocional/psicológico.
Missionária inglesa preparada, uma das melhores escolas de línguas do
país, conhecimentos profundos a respeito do povo, mas instável emocionalmente –
tentou o suicídio por duas vezes na aldeia e teve que ser retirada do campo e
proibida de voltar.
Problemas pequenos podem ser
resolvidos, mas que quando se avolumam com a pressão que ocorre fora de si, do
campo, suas necessidades, expectativas da Igreja enviadora, etc. fazem com que
tudo possa explodir e tornar grande uma pequena deficiência.
8.
A Igreja
deve preocupar-se com o sustento de maneira a analisar cada campo de maneira
diferente – cada realidade deve ser analisada separadamente: No Equador
alguém viveria razoavelmente – de acordo com informações colhidas através de
uma missionária equatoriana com 400 dólares – em Ghana 400 dólares é o que se
gasta todas as vezes que o missionário no norte vai ao supermercado – só de
combustível!
Igreja local que cortou o sustento de um missionário porque descobriu
que em suas compras (feitas de 4 em 4 meses) ele incluía uma caixa de coca-cola
em lata.
9. Considerar o missionário “missionário”
quando está no campo e quando está de volta – há Igrejas que deixam de mandar o
sustento quando o missionário volta para o Brasil: Há missionários que vem
para o Brasil de volta de suas Igrejas e passam por dificuldades tremendas na
área financeira – isto faz com que cada vez mais tenham pouca vontade de voltar
para suas Igrejas. Agências muitas vezes têm criado casas ou aptos para
missionários em “férias”.
10. Quem
deve pastorear os missionários?
Às 6 horas da tarde, depois de
levantar às 4 da manhã, ter passado por um período de trabalho intenso, calor
insuportável, eu ouvia na aldeia os tambores e sei que é feitiçaria que irá
começar, com sacrifícios (algumas vezes, até 300 animais numa única noite para
os espíritos) e que até mesmo crianças podem ser sacrificadas, sem ter contato
com minha língua, numa terra estranha, com costumes estranhos, lembro-me de um
período de louvor na Igreja, sinto saudade.
Missionários são pessoas que
precisam de pastores. Isto é função da Igreja, mesmo à distância.
Mandar cartas, fitas gravadas com
o louvor da Igreja, mensagens do pastor, conversas de irmãos, e tantas outras
coisas que faz falta. Alguns contatos são complicados, às vezes e-mails podem
ser censurados, muitas vezes em alguns países não se tem acesso a redes
sociais.
A Igreja cobra muito para receber
RELATÓRIOS, mas dificilmente vê-se uma Igreja que mantém seu missionário
informado do que está acontecendo no meio da sua comunidade.
11. A
Igreja deve preocupar-se com o descanso na volta do seu missionário – sua
saúde, sua reciclagem teológica, missiológica, emocional e espiritual: Participei
de uma conferência na Igreja Batista de Santo André – conferência de 10 dias –
Curso de reciclagem missionária, tanto na área de Missiologia, como
Antropologia cultural e Fenomenologia religiosa, além de cuidados pessoais com
Jaime e Gloria Young – da SEPAL. A igreja cuidando dos seus vocacionados.
Providenciar um período de
descanso, isolado dos trabalhos da Igreja em local onde verdadeiramente o
missionário e sua família possam descansar.
Prof. Gedeon J Lidório Jr
Profa. Auriciene Araújo Lidório
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