Muitos começaram o dia de sábado um pouco mais tarde, e às 8h30
alguns poucos receberam a boa recompensa pela pontualidade. Gehard
Fuchs, da REPAS (Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social),
eleito na última quarta-feira membro da Coordenação Colegiada* de RENAS,
resgatou três pontos da sexta-feira de uma nova perspectiva, como ele
mesmo disse: a partir do seu locus: a economia.
Quanto é suficiente para você
O primeiro vem das palavras de Ricardo Barbosa, que meditou em
Filipenses 4. Gehard repetiu a pergunta de Ricardo “Quanto é suficiente
para você, agora falando de dinheiro?”. Segundo ele, definir o
suficiente depende do nosso medo: suficiente para um dia, para um ano?
A pergunta inicial leva a outras duas: “O que você vai fazer quando
tem menos?” e “E o que você vai fazer quando tem mais?” E a resposta vem
da experiência de Paulo: quando tinha menos, ele fazia uma nova tenda
para vender, mas quando ele tinha mais ele parava de fazer tendas? Deus
deu dons que não devem ser deixados de lado quando você já tem o
suficiente, se você não precisa, tem alguém que precisa e você tem que
compartilhar. Fazer o que tem que ser feito nessas situações, tem a ver
com contentamento.
Emancipar o pobre para participar do seu processo de libertação
O segundo ponto resgatou uma palavra de Ariovaldo Ramos sobre a
emancipação do o pobre, a fim de que ele participe do seu processo de
libertação.
Gehard contou a história de uma igreja que levou para um bairro pobre
de Curitiba uma versão classe média de igreja. Esse modelo tirava do
pobre o sentimento de pertencimento, pois quanto o pobre poderia pagar
de aluguel por um templo? Nada. Então como fazer para ele sentir que a
igreja é dele? Simples, se ele não pode pagar nada, tem-se que ir para a
praça, talvez a escola ou o centro comunitário, diz ele.
A leitura econômica da situação também nos faz perguntar como ele vai
sentir que o pastor é o seu pastor? Ele não pode pagar, então outras
igrejas se juntavam e pagavam para o pastor pregar no domingo. Mas eles
sentiam que era deles? Obviamente que não, responde Gehard.
A nova pergunta é como fazer sem templo e sem pastor? A verdade é que
eu não preciso de dinheiro para orar ou ter comunhão. Eu posso ter esse
espaço, sentir que ele me pertence e uma leitura na perspectiva
econômica nos ajuda a entender esse desafio da missão da igreja.
Venha o teu reino
O terceiro resgate traz uma reflexão sobre reino. Se tem reino, tem rei e
rei é um cara que tem um território e um povo. Se Jesus e o rei, onde é
que ele manda?
O reino de Deus está muito próximo de nós. Se eu deixo Deus mandar na
minha vida, ali é o reino de Deus, se não deixo, é outro que está
mandando. “Entra na minha casa, entra na minha vida” tem muito a ver com
deixar o reino de Deus entrar.
Segundo Gehard, a fé não é um salto no escuro. Paulo disse que Deus
providenciou para que todos cheguem ao processo da verdade, mas como
então fazer Deus ser ouvido no nosso processo decisório? Ele entende que
três formas de ouvir:
1. Individualmente: Deus fala ao seu coração e a paz é a sua resposta;
2. Coletivamente: “na multidão de conselhos há sabedoria”, logo em uma decisão coletiva, a qualidade tende a aumentar.
3. Unção: Gehard conta que certa vez Deus falou para buscarem a
unção. Apenas reunir para orar e cantar. E em uma dessas reuniões uma
pessoa começou a pregar e disse “irmão, Deus tem uma palavra para você”.
E esse pregador disse para várias pessoas, coisas sobre suas vidas, sem
as conhecer. Na visão de Gehard, ele nunca tinha visto o dom do
conhecimento e da sabedoria posto em prática tão bem.
Gestão por conhecimento: ouvir nosso coração, ouvir os conselhos da
igreja e ouvir a sabedoria daqueles que têm o dom. Assim proporcionamos
que o Reino de Deus esteja em nossa casa, nossa igreja, nossa
organização, concluiu ele.
* A Coordenação Colegiada é formada por três representantes das organizações que formam o grupo gestor de RENAS. A eleição ocorreu na reunião de filiadas de RENAS
Texto: Tábata Mori (RENAS Goiás)
Foto: James Gilbert
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