Após o Haiti viver uma tragédia provocada pelo furacão Matthew, surgiu uma expressão para retratar a contida comoção pública pelas mil vítimas fatais e a destruição no país: “Ninguém é Haiti”. Trata-se de uma comparação ao “Eu sou Charlie”, que apareceu em vários cantos do mundo após o ataque terrorista à publicação satírica francesa “Charlie Hebdo” em 2015. A expressão veio de uma charge do cartunista Miguel Villalba Sánchez e repercutiu pelas redes.
“Quase 800 mortos no Haiti, mas ninguém coloca fotos de perfil especiais no Facebook nem slogans para as vítimas do furacão Matthew”, disse Sánchez ao publicar o trabalhono site “Cartoon Movement”. Posteriormente, o saldo de vítimas chegou a mil pessoas.
No Haiti, comunidades ficaram quase totalmente devastadas pela passagem da tormenta na semana passada. Afetado dramaticamente pela pobreza, o país ainda nem mesmo se recuperou da destruição deixada pelos tremores de 2010. Muitas pessoas permanecem em abrigos improvisados, em difíceis condições de vida. O governo estima que 1,4 milhão precisa de ajuda humanitária no país.
Além disso, o Haiti teme um novo surto de cólera. A doença, que se espalha rapidamente por água ou comida contaminada e causa grave diarreia, foi levada ao país por forças de paz das Nações Unidas há seis anos, e agora está atrapalhando a chegada de alimentos e abrigo para as vítimas da tempestade. Desde a irrupção inicial, o cólera já matou mais de nove mil pessoas no país.
A destruição criou as condições ideais para a propagação da doença. Rios transbordaram, criando grandes focos onde as bactérias podem crescer. A água poluída também atingiu poços de água potável. A prioridade agora é fornecer água limpa e melhorar a higiene nas áreas mais afetadas.
Fonte: http://oglobo.globo.com/
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