O desastre natural mais mortal das Filipinas
Durante o fim de semana, em sua passagem pelas Filipinas, Haiyan deixou
pelo menos 10 mil mortos e 2 mil desaparecidos, cifras que fazem dele o
desastre natural mais mortal já registrado no país, segundo estimativas
das autoridades divulgadas neste domingo.
Duas ilhas do centro do arquipélago filipino, Leyte e Samar, que
estavam em plena trajetória do Haiyan quando ele atingiu o país, na
madrugada de sexta-feira, foram especialmente afetadas.
Em Tacloban, capital da província de Leyte, o tufão deixou imagens
apocalípticas, com filas de homens, mulheres e crianças andando pelas
estradas com o nariz coberto para se proteger do cheiro dos corpos sem
vida.
"Tacloban está totalmente destruída. Algumas pessoas estão perdendo o
juízo pela fome ou pela perda de suas famílias", contou este domingo à
AFP o professor do ensino médio Andrew Pomeda, de 36 anos, alertando
para o desespero crescente dos sobreviventes.
Socorristas pareciam sobrecarregados em seus esforços para tentar
ajudar os incontáveis sobreviventes. Centenas de policiais e soldados
foram mobilizados para conter os saques na cidade costeira, enquanto os
Estados Unidos anunciaram que irão enviar ajuda militar, atendendo a um
apelo do governo filipino.
"As pessoas estão ficando violentas. Estão saqueando estabelecimentos
comerciais, shoppings, apenas para encontrar comida, arroz e leite.
Estou com medo de que em uma semana as pessoas possam matar por causa da
fome", acrescentou o professor Pomeda.
Um homem, Edward Guialbert, perambulava entre os cadáveres para
recuperar alimentos em conserva sob os escombros de uma casa. Mais
adiante, um açougue que por milagre permaneceu intacto foi saqueado por
uma multidão. Um comboio de ajuda da Cruz Vermelha também foi saqueado.
"Nós nos reunimos com o governador (da província de Leyte) na noite
passada e, baseando-nos nas estimativas do governo, há 10.000 vítimas
(fatais)", declarou à imprensa Elmer Soria, funcionário de alto escalão
da polícia de Tacloban, a capital da província de Leyte, na ilha de
mesmo nome.
Em Samar, porta de entrada do tufão no país na sexta-feira, foi
confirmada a morte de ao menos 300 pessoas na pequena cidade de Basey, e
outras 2.000 estão desaparecidas em toda a ilha, indicou Leo Dacaynos,
membro do conselho de gestão de catástrofes, à rádio DZBB.
Também foi confirmada a morte de dezenas de pessoas em outras cidades e províncias devastadas pelo super tufão.
Muitas localidades permaneciam incomunicáveis e as autoridades
enfrentavam muitas dificuldades para agir devido à magnitude da
catástrofe e ao número de vítimas a serem resgatadas.
"Ocorreram grandes destruições (...) A última vez que vi algo parecido
foi durante o tsunami no oceano Índico, que deixou 220.000 mortos em
2004", afirmou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU
encarregada da gestão de desastres que se encontrava em Tacloban.
Vários países ofereceram ajuda às Filipinas. Os Estados Unidos
fornecerão helicópteros, aviões, barcos e equipamentos destinados à
busca e ao resgate, após um pedido feito por Manila, indicou o
secretário americano da Defesa, Chuck Hagel.
Austrália e Nova Zelândia entregaram neste domingo quase meio milhão de
dólares (370.000 euros) à Cruz Vermelha das Filipinas e indicaram que
podem fornecer ajuda adicional.
A UNICEF preparou 60 toneladas de ajuda sanitária, que deve chegar ao
país na terça-feira, e o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PAM) está
organizando o envio de 40 toneladas de alimentos.
Todos os anos, as Filipinas são atingidas por cerca de vinte tempestades e tufões entre os meses de junho e outubro.
Além dos tufões, o país sofre regularmente com a ira da natureza, em
forma de terremotos ou erupções vulcânicas, com um balanço de vítimas
fatais cada vez maior.
Se o balanço de 10.000 mortos se confirmar, o Haiyan será a pior catástrofe natural já registrada na história recente do país.
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