Héber Negrão
Os jovens são a força da igreja e a próxima geração que haverá de liderar o corpo de Cristo. Por isso é imprescindível que desde cedo eles tenham um visão missionária adequada para que a futura igreja não perca o propósito de espalhar o reino de Deus pelo mundo. Para isso gostaria de sugerir um modelo de treinamento para jovens mobilizadores de missões. Este modelo tem sido usado por mais de dez anos pelo Ministério TIM da Missão Evangélica aos Índios do Brasil (MEIB). O Ministério TIM tem o objetivo de recrutar jovens “TIMóteos” das igrejas locais da região metropolitana de Belém (PA) para conhecerem mais sobre missões envolvendo-os de maneira prática no ministério.
A base de ação para um ministério com jovens mobilizadores de missões
encontra-se em 2 Timóteo 2.2. Na última carta que escreveu, Paulo dá
vários conselhos ao jovem pastor Timóteo para que ele tenha um bom
ministério. Dentre estes conselhos, Paulo falou da multiplicação de
ministros: “E o que de minha parte ouviste através de muitas
testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para
instruir a outros.” Ao olhar com atenção para este verso podemos
distinguir três etapas:
1. “O que da minha parte ouviste…”
Esta é a etapa do ensino formal onde o líder vai direcionar um estudo
específico com o grupo. Para isso, é importante que ele seja uma pessoa
que tenha comprometimento com a obra missionária. Nesta etapa o líder
deve estudar com o grupo textos que abordem os variados aspectos de
missões. Listo aqui alguns assuntos importantes a serem estudados: base
bíblica da missão, vocação e chamado, igreja local e missões,
evangelismo e discipulado, a importância da oração, panorama de história
das missões e missão integral. Um recurso muito bom é o livro
“Perspectivas no Movimento Cristão Mundial”, que reúne vários artigos
abrangendo todos os temas sugeridos acima, com perguntas no final de
cada artigo para discussão em grupo.
O próprio líder pode conduzir estes estudos ou pode convidar
missionários, pastores ou professores de seminário para ministrar cada
uma das lições. Apesar de o termo “etapas” dar uma ideia de sequência,
esta seção deve ser diluída ao longo do ano, separando um dia por mês
somente para o estudo e discussão de cada uma das lições.
Esta etapa inclui também o aprendizado em campo. Viagens missionárias
de curto período – nas férias ou num feriado prolongado – podem ser
organizadas com o grupo para que conheçam de perto a realidade do campo.
Passar pelas mesmas necessidades que o missionário passa, enfrentar os
mesmos desafios que ele enfrenta e ver de perto as vitórias conquistadas
farão com que os jovens sintam na pele o que eles têm estudado somente
na teoria.
2. “…através de muitas testemunhas”
Esta etapa inclui o aprendizado fora do grupo onde cada participante
aprenderá individualmente com outras fontes. Uma das maneiras de
aprender missões com “muitas testemunhas” é lendo biografias
missionárias. Os livros podem ser emprestados da biblioteca da igreja ou
de amigos. Também existem vários vídeos como “EE-Tow”, “Taliabo”,
“Terra Selvagem”, entre outros, que contam a história de missionários no
campo transcultural.
Além de leituras biográficas, cada participante deve ser estimulado a
trocar e-mails com algum missionário. Conhecer a realidade missionária
descrita por alguém que vivencia isso diariamente é muito enriquecedor
para qualquer um. Não só o jovem será beneficiado, mas também o
missionário com quem ele conversou. É de grande valor para qualquer
missionário quando ele vê o interesse de alguém em seu ministério.
Durante os encontros do grupo cada um deve dar um breve relatório do
que leu e das conversas trocadas com os missionários. As informações
trocadas em grupo serão de grande incentivo para que todos continuem
lendo mais sobre missões e se relacionando com os missionários
distantes.
Um trabalho voluntário no escritório de alguma agência missionária
também pode ser uma boa oportunidade de aprendizado com “outras
testemunhas”. Muitas agências missionárias têm necessidades específicas
em seu escritório que podem ser supridas por voluntários trabalhando em
sua área de conhecimento. Além disso, o jovem vai conhecer a realidade
enfrentada pelo missionário de base e poderá participar com ele dos
eventos de divulgação da missão. Neste caso, é de responsabilidade do
líder entrar em contato com estas agências e fazer a “ponte” entre elas e
os jovens do seu grupo.
3. “…transmite a homens fiéis”
Já com uma base de conhecimento estabelecida nas duas etapas
anteriores, o grupo deve agora começar a compartilhar com outros sobre
missões. Uma atividade inicial é organizar um momento missionário para
os cultos de domingo, caso isso não seja um costume da igreja. Neste
momento o trabalho de algum missionário – já contatado na etapa anterior
– pode ser apresentado juntamente com seus pedidos de oração.
Outra atividade a ser desenvolvida nesta etapa são aulas na Escola
Dominical. Tendo falado com antecedência com a liderança da igreja, o
grupo pode ser responsável um domingo por mês para ministrar as aulas da
Escola Dominical. O tema abordado nessas lições deve ser o mesmo
estudado anteriormente na primeira etapa.
Ao final do treinamento cada membro do grupo de estudo deve estar
habilitado para repassar para outro grupo o conteúdo que aprendeu ao
longo do ano.
______________
Héber Negrão é paraense, tem 30 anos, mestre em Etnomusicologia e casado com Sophia. Ambos são missionários da Missão Evangélica aos Índios do Brasil (MEIB), com sede em Belém, PA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário